eficácia de 50,38% da CoronaVac, uma das vacinas que farão parte do Plano Nacional de Imunizações (PNI) e que será produzida pelo Instituto Butantan como artilharia para conter o alastramento do novo coronavírus, foi motivo de irresponsável comemoração de apoiadores do movimento anti-vacinação e de grupos que não se coram ao politizar uma tragédia que vitimou mais de 207.000 brasileiros.
Autoridades chegaram a comparar o percentual próximo a 50% a um jogo de cara ou coroa em que estaríamos expostos ao acaso se decidíssemos seguir em frente e receber a CoronaVac. Não é verdade.
No meio de todo esse quiproquó, a explicação mais didática partiu do intensivista e epidemiologista Otavio Ranzani. “É bem simples: Tomar vacina não é jogo de azar ou jogar a moeda para cima. É justamente o contrário: a vacina faz a moeda ficar viciada para te proteger. A vacina joga contra o azar e sempre ao nosso favor. A vacina é um seguro grátis caso você tenha problema com o vírus”, disse ele em uma rede social.
O jogo de moedas viciadas, como propôs Ranzani, sempre vale a pena, independentemente do percentual em que o níquel estará a nosso favor. Veja agora a eficácia das vacinas que você certamente já tomou na vida (e graças a elas, não desenvolveu certas doenças): Provavelmente você tem uma cicatriz no braço, com até um centímetro de diâmetro. É resultado da vacina BCG, de proteção contra a tuberculose e aplicada em crianças do nascimento até cinco anos de idade. No primeiro ano de vida do bebê, a eficácia do imunizante pode variar de 46% a 100%, principalmente na contenção de manifestações mais graves, como a meningite tuberculosa. Para o caso de tuberculose pulmonar, estudos indicam que a vacina tem eficácia na casa dos 60%.
A tríplice bacteriana contra difteria, tétano e coqueluche, aplicada a partir dos dois meses de vida, exige três doses, com intervalos programados de dois meses entre cada um, para conferir proteção superior a 80%. Como a barreira de proteção declina com o tempo, é desejável que haja vacinação de reforço a cada dez anos.
As vacinas contra o vírus influenza podem ter eficácia na casa dos 30%, chegando a 80% a depender da idade e das condições de saúde do vacinado. Idosos e imunodeprimidos têm resposta imunológica menor, mas ainda assim é recomendado que recebam o imunizante por integrarem o grupo de pessoas mais sujeito à mortalidade pela doença. Nos últimos anos, a eficácia das doses anti-gripe tem ficado em torno de 50%.
As vacinas de prevenção contra a hepatite B conferem proteção de até 95% em crianças e adolescentes, as desenvolvidas contra a poliomielite estimulam a produção de anticorpos em 95% dos vacinados após duas doses e de 99 a 100% após três doses. Todos os percentuais de eficácia dos fármacos foram fornecidos ao blog pela doutora em Epidemiologia Ethel Maciel, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
“AS VACINAS REPRESENTAM A ESTRATÉGIA DE INTERVENÇÃO COM A MELHOR RELAÇÃO CUSTO-BENEFÍCIO ATÉ HOJE APLICADA EM SAÚDE PÚBLICA. COMO A VACINA É UMA ESTRATÉGIA COLETIVA, É PRECISO COMBINAR A EFICÁCIA DO IMUNIZANTE COM A COBERTURA VACINAL, COM TODO MUNDO SE VACINANDO E GARANTINDO UMA ALTA COBERTURA CONTRA A DOENÇA”, DISSE ELA.
Fonte: Veja